Chegou o grande dia! Trinta e um de outubro, dia da Reforma Protestante! Entusiasmado pela data, o pastor mal acorda e já revisa o sermão da noite. Durante toda a semana participou de várias mesas-redondas e debates sobre a Reforma, realizados em seminários e faculdades da cidade. Decepcionou-se com o pequeno público que prestigiou os colóquios que ele considerava os mais importantes: “Reforma Protestante e Socialismo” e “João Calvino e o ecumenismo”. Quando era candidato ao ministério, considerava o Culto da Reforma uma excelente oportunidade perdida, “platitudes sempre tomam conta do sermão!”, reclamava. Como pregador da noite, decidiu tratar da justiça social, um tema que, segundo ele, tem passado ao largo das discussões que acontecem nas igrejas reformadas. Preparou o sermão tendo como texto-base a obra “O humanismo social de Calvino”, de Andre Biéler. Na noite do culto, abriu a proclamação da Palavra com a parábola do bom samaritano. No fim da celebração, como havia pedido ao ministro de música, o hino “Castelo Forte” foi substituído por “Que estou fazendo?”. Voltou pra casa alegre e satisfeito consigo próprio, ao mesmo tempo em que ansiava pela próxima reunião do conselho da igreja, onde proporia o estudo do livro de Biéler na classe avançada da escola dominical.
No começo da reunião do conselho, tomou um susto quando os presbíteros lhe informaram sobre um documento, que havia sido entregue ao secretário do conselho, assinado por boa parte dos membros, solicitando a realização de uma assembléia extraordinária para que o pastor declarasse publicamente o que achava da doutrina da autoridade suprema das Sagradas Escrituras. Há muito o pastor era criticado pela falta de clareza de suas afirmações sobre vários temas do cristianismo, mas as suspeitas sobre um liberalismo teológico enrustido aumentaram no domingo da Reforma. Durante o sermão, citou nomes de líderes evangélicos que se engajaram na luta pela justiça social, e dentre eles estava Paul Tillich, declarando inclusive que este era o seu “teólogo de cabeceira”, alinhando-se ao pensamento dele quanto à revelação. Embora tivesse sido apenas uma digressão, foi o suficiente para que houvesse uma grande reação iniciada por alguns presbíteros em disponibilidade. Na sala do conselho, limitou-se a dizer que fazia uma leitura contextualizada dos reformadores, partindo logo em seguida para declarar que, por causa dessa celeuma, preferia afastar-se do pastorado da igreja dada a incompatibilidade entre o pastor e suas ovelhas. Para o pastor, esta situação mostrou o caráter fundamentalista do rebanho, que impediria o aprofundamento da discussão de temas cristãos que queria trazer para a igreja, segundo uma abordagem crítica e moderna do cristianismo. A decisão do pastor foi acatada pelo conselho.
No começo da reunião do conselho, tomou um susto quando os presbíteros lhe informaram sobre um documento, que havia sido entregue ao secretário do conselho, assinado por boa parte dos membros, solicitando a realização de uma assembléia extraordinária para que o pastor declarasse publicamente o que achava da doutrina da autoridade suprema das Sagradas Escrituras. Há muito o pastor era criticado pela falta de clareza de suas afirmações sobre vários temas do cristianismo, mas as suspeitas sobre um liberalismo teológico enrustido aumentaram no domingo da Reforma. Durante o sermão, citou nomes de líderes evangélicos que se engajaram na luta pela justiça social, e dentre eles estava Paul Tillich, declarando inclusive que este era o seu “teólogo de cabeceira”, alinhando-se ao pensamento dele quanto à revelação. Embora tivesse sido apenas uma digressão, foi o suficiente para que houvesse uma grande reação iniciada por alguns presbíteros em disponibilidade. Na sala do conselho, limitou-se a dizer que fazia uma leitura contextualizada dos reformadores, partindo logo em seguida para declarar que, por causa dessa celeuma, preferia afastar-se do pastorado da igreja dada a incompatibilidade entre o pastor e suas ovelhas. Para o pastor, esta situação mostrou o caráter fundamentalista do rebanho, que impediria o aprofundamento da discussão de temas cristãos que queria trazer para a igreja, segundo uma abordagem crítica e moderna do cristianismo. A decisão do pastor foi acatada pelo conselho.
No domingo seguinte, durante a escola dominical, após ter sido comunicada o pedido do afastamento do pastor, um dos membros mais antigos da igreja pediu a palavra, dirigiu-se ao microfone, abriu a Bíblia e leu um trecho da II Epístola a Timóteo: “Prega a Palavra, insiste a tempo e fora de tempo, aconselha, repreende e encoraja com toda paciência e sã doutrina. Porquanto, chegará o tempo em que não suportarão o santo ensino; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, reunirão mestres para si mesmos, de acordo com as suas próprias vontades. Tais pessoas se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos”. Após a leitura, o presbítero sentou-se e o dirigente deu prosseguimento ao devocional, pedindo aos irmãos que fizessem um breve período de oração silenciosa em favor da igreja.
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3 de novembro de 2010 às 12:12
Essa terminou fácil.. mas tem uns que não querem perder a boquinha de ser pastor de uma igreja.
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