Não pude deixar passar a oportunidade. É Páscoa. Tinha que me manifestar e dizer algo a vocês. Aproveitando o clima de confraternização, troca de ovos e comentários do professor de medicina legal, não me contive. Preciso deixar minha contribuição. Espero ir além do clichê de todos os anos: "a páscoa não é coelho e chocolates"!
É válido afirmar que é uma tradição judaico-cristã iniciada em Êxodo 12. 11-48, quando da libertação do povo de Israel (do Egito), através de um rito no qual haveria um cordeiro sacrificado (representando "O Cristo" que haveria de vir). E que tem sua consumação na pessoa do próprio Jesus – na famosa "via crucis" retratada em Mateus, do capítulo 26 em diante. Enfim, para nós cristãos, quando se fala de Páscoa é impossível citar um fato sem mencionar o outro.
Imagino que isso vocês estejam cansados de saber. O que quero colocar, realmente, não é o fato de os conceitos acerca das festas cristã estarem deturpados, muito embora seja uma realidade triste. Mas como, ao longo do tempo, essas mudanças aconteceram.
Após a ressurreição de Jesus os cristãos "perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações" (Atos 2.42). E a Igreja crescia saudável e amadurecia. Porém, com a instituição do cristianismo como religião oficial pelo Império Romano, houve paganização e abandono da fé primitiva.
Na era moderna o homem abdicou dos princípios cristãos para compreender a verdade, e disse que tudo podia ser explicado pela razão. O que não pudesse ser analisado “racionalmente” não teria validade. Como não foi possível explicar pela razão que Deus abriu o mar Vermelho para o povo de Israel passar, a ressurreição de Jesus e a existência de Deus, o cristianismo caiu em descrédito. A razão, agora, era o que definia a verdade. O homem era a medida de todas as coisas. O Cristo havia sido deixado de lado, bem como Seus ensinos e Sua moral elevada. O homem havia percebido que só iria evoluir, se fosse pela razão.
Realmente muitos avanços foram conseguidos: a Revolução Industrial, a descoberta da penicilina e muitas outras. Entretanto, apesar de tais conquistas, a sociedade percebeu que não estava evoluindo tanto, e mais: em muitos aspectos ela estava regredindo. Como? Ele trouxe à tona a 1° Guerra, a 2° Guerra, a Guerra Fria, vírus letais criados em laboratórios.
O homem percebeu que ele já não era uma boa medida. Os resultados eram contraditórios e catastróficos. Hoje, no que muitos chamam de Pós-Modernismo, ele cinicamente admite que a razão falhou ao explicar a verdade e reage dizendo: - "Não existe verdade absoluta". Hoje, vivemos em um período de tolerância. Da ditadura das minorias. Cada um tem sua verdade. Vivemos na era do subjetivismo. Cada um sente o que é certo: "Você tem sua verdade, eu tenho a minha. Você respeita a minha verdade, eu respeito a sua"; “Cada um age como se fosse o seu próprio Deus"; "Se você se sente bem fazendo isso..."; "Assim caminha a humanidade", excluindo Deus de sua vida, ignorando sua existência e caminhando para longe d'Ele.
Eu queria chamar a atenção de todos para o fato de que o Senhor deixou marcas na história pra que lembrássemos d'Ele. A Páscoa não é só uma festa. É o próprio Deus dizendo: -"Amo vocês. Voltem-se pra mim. Lembrem dos cravos em minhas mãos. Lembrem do sangue derramado". Enquanto o homem procura caminhos distantes de Deus, Ele vem se revelando e se apresentando em cada instante. A própria data de hoje,nosso calendário, é marcada à partir do nascimento de Cristo. Voltem-se pra Ele. Lembrem quanto amor Ele têm por vocês. Quanta dor sofreu ao amar.
Devotem-se a Ele por inteiro. Não é pelo sentimento, como diz futilmente, um professor de medicina legal. Servir a Deus é uma atitude que deve ter razão e sentimento. "Estejam sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós"(1 Pedro 3.15). "A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aqueles que guardam pela manhã"(Salmos 130.6). Devemos estar com disposição de mente e coração para servi-Lo. Devemos dar razão da nossa fé em Cristo e desejar estar perto d'Ele.
É como encontrar o grande amor da nossa vida. Se o coração disser sim e a razão não, é uma paixão fugaz e avassaladora, que só vai deixar marcas de dor pelo caminho. Se nossa mente diz que sim e o coração diz que não, é um contrato frio, que deixa a vida monótona, em tons de cinza e sem graça.
Pensem nisso. Só estou falando essas coisas porque realmente as considero importantes e porque me importo com vocês. Não quero passar por vocês sem mostrar o que realmente importa. Espero que todos cheguem ao final dessa carta e entendam. Estarei orando por isso.
Um abraço a todos,
Que Deus abençoe a sua páscoa!
Ass: Caio, o maior de todos os pecadores, mas eterno discípulo de Jesus.
comentários: 2 Postar um comentário
10 de abril de 2009 às 15:42
Artigo-carta bem escrito, e claro.
Curti a conexão do cristianismo com a tradição judaica (não nascemos no vácuo);
A idéia de Revelação Progressiva foi bem apresentada: O símbolo do Antigo Testamento se cumpre no Novo;
A diferença entre a igreja de Atos e a história do pensamento ao longo dos tempos dá um belo panorama da arrogância humana;
O convite a Jesus fecha muito bem o contexto do recado.
Show de bola.
SDG
10 de abril de 2009 às 16:29
To tomando gosto pela coisa! Hehe
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